Prefeitura mobiliza órgãos municipais em ação educativa no Polvilho, ecoando o tema nacional da Semana do Trânsito 2025 e alertando para os perigos da velocidade excessiva em um país que registra milhares de mortes anuais nas vias.
Cajamar, SP – Em um país onde o trânsito ceifa vidas como uma epidemia silenciosa, a Prefeitura de Cajamar acendeu um farol de esperança na última quinta-feira (25). Diante do Ginásio de Esportes do Polvilho, centenas de motoristas, pedestres e moradores pararam para refletir: “Desacelere, seu bem maior é a vida”. A ação, parte da Semana Nacional do Trânsito 2025, reuniu o Departamento Municipal de Trânsito (Demutran), a Guarda Mirim e a Guarda Civil Municipal (GCM) em uma mobilização que distribuiu panfletos, realizou palestras rápidas e simulou cenários de risco, tudo para combater o que especialistas chamam de “a pressa fatal”.
O evento chegou em hora crucial. Dados preliminares do Registro Nacional de Sinistros e Estatísticas de Trânsito (Renaest) revelam que, só em 2025, o Brasil já soma 453 mil acidentes de trânsito – um lembrete sombrio de que cada segundo ganho no acelerador pode custar anos de existência. Em 2023, o último ano com números consolidados, foram 34,9 mil mortes nas estradas e ruas, um aumento de 2,5% em relação a 2022, segundo o Atlas da Violência 2025, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Motocicletas, ícones de agilidade urbana, lideram o ranking de tragédias: 40% dos sinistros atendidos pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre janeiro e junho deste ano envolveram motos, com taxas de mortalidade disparando 12,5% em relação ao ano anterior.
Instituída pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em 1997, a Semana Nacional do Trânsito ocorre anualmente de 18 a 25 de setembro, com o objetivo de fomentar atitudes responsáveis e reduzir o caos viário. Este ano, o tema “Desacelere, seu bem maior é a vida” ganhou eco nacional, impulsionado pela PRF, que registrou uma leve queda de 1,32% nos acidentes em rodovias federais de janeiro a agosto – de 47.816 em 2024 para 47.181 em 2025. Mas os números ainda aterrorizam: mais de 30 mil óbitos por ano, principal causa de morte entre crianças e adolescentes, conforme o Anuário Brasileiro de Segurança Viária. No Tocantins, por exemplo, o risco de fatalidade em acidentes com motos é nove vezes maior que no Rio de Janeiro, destacando desigualdades regionais que demandam ações locais como a de Cajamar.
No Polvilho, o sol da tarde de quinta-feira iluminava faixas coloridas e voluntários uniformizados, que paravam veículos com sinalizadores e conversas francas.

O Demutran liderou as atividades com distribuição de materiais educativos e demonstrações práticas, como testes de reação com simuladores de freada. A Guarda Mirim, composta por jovens do município, adicionou um toque inspirador: encenações teatrais sobre empatia no trânsito, envolvendo crianças e adolescentes em mensagens que vão além das regras, tocando no valor da paciência cotidiana.
A iniciativa de Cajamar não é isolada, mas faz parte de um mosaico nacional de conscientização. Em Mato Grosso do Sul, por exemplo, a Semana do Trânsito celebrou uma redução de 43% nas mortes na BR-163, graças a ações educativas contínuas. No entanto, desafios persistem: cortes no Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito (Funset) e a extinção do seguro DPVAT em anos recentes comprometeram investimentos em infraestrutura e suporte às vítimas, sobrecarregando o SUS com 227.656 internações em 2024, apenas por sinistros viários.
Enquanto o dia no Polvilho se encerrava com aplausos e um compromisso coletivo de “desacelerar”, fica o convite à reflexão: em um trânsito que devora famílias inteiras, a moderação não é fraqueza, mas o maior ato de força. Cajamar mostra que mudanças começam no quintal de casa – e nas ruas que todos compartilhamos.
Por Redação do GazetaMetropolitana.com








