Manifestações em massa transformam o Dia da Independência em um termômetro político, com clamores por anistia e críticas ao Judiciário em meio a um clima de polarização nacional
Brasília, 8 de setembro de 2025 – O feriado de 7 de setembro, que celebra os 203 anos da Independência do Brasil, foi marcado por uma das maiores mobilizações populares da história recente do país. Milhares de manifestantes tomaram as ruas de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador, divididos entre atos oficiais e protestos oposicionistas. Sob o lema “Reaja, Brasil”, os eventos destacaram demandas por anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e críticas ao atual governo federal. Paralelamente, grupos alinhados à esquerda realizaram manifestações em defesa da democracia e contra qualquer forma de anistia a atos golpistas, expondo a profunda divisão política no país às vésperas do julgamento final do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.

Em São Paulo, a Avenida Paulista se tornou o epicentro dos protestos da direita, reunindo cerca de 42,2 mil pessoas, segundo estimativas da Universidade de São Paulo (USP). Os manifestantes, vestindo verde e amarelo e carregando bandeiras do Brasil, de Israel e até dos Estados Unidos, pediram “Anistia Já” para os condenados pelos eventos de 8 de janeiro e denunciaram o que chamam de “ditadura judiciária”. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou do ato e criticou abertamente Alexandre de Moraes, chamando-o de “tirano” em um discurso que ecoou entre a multidão. “O povo brasileiro está mostrando ao mundo que está com Jair Bolsonaro”, afirmou uma manifestante no Rio de Janeiro, em vídeo compartilhado nas redes sociais.
Em Brasília, o desfile cívico-militar oficial, com o tema “Brasil Soberano”, atraiu aproximadamente 45 mil espectadores na Esplanada dos Ministérios, segundo o governo federal. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) presidiu o evento, que contou com exibições das Forças Armadas e enfatizou a soberania nacional. No entanto, a capital também viu protestos paralelos da oposição, com bandeiras pedindo a intervenção do ex-presidente norte-americano Donald Trump e o fim da “perseguição política”. Manifestantes relataram um clima de descontentamento com o governo, destacando a ausência massiva no desfile oficial como sinal de rejeição. Em contraponto, atos da esquerda em diversas cidades, incluindo São Paulo e Belo Horizonte, reuniram apoiadores do governo sob o slogan “Brasil Contra Anistia”, defendendo a soberania popular e rejeitando qualquer perdão a atos considerados golpistas.

Os protestos ocorreram em quase 100 cidades brasileiras e até no exterior, como em Londres, onde a diáspora brasileira se mobilizou. No Rio de Janeiro, milhares se concentraram na orla de Copacabana, enquanto em Salvador e Curitiba os atos ganharam força com discursos contra a censura e o banimento da rede social X (antigo Twitter) no país. Dados de engajamento nas redes sociais mostram que termos como “Anistia Já” e “Fora Alexandre de Moraes” dominaram as discussões, com vídeos e fotos viralizando rapidamente. Um manifestante em Salvador postou: “7 de Setembro 2025: Jair Bolsonaro é o presidente do Brasil. Fora Moraes! Suas fraudes não colaram.”

O contexto político é tenso. As manifestações surgem dias antes da conclusão do julgamento de Jair Bolsonaro no STF por suposta trama golpista após as eleições de 2022. Líderes da oposição, como o deputado Eduardo Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia, convocaram os atos para pressionar o Congresso por uma anistia ampla, geral e irrestrita. Analistas políticos apontam que, apesar dos números expressivos, a mobilização representa uma redução em comparação aos protestos de 2021, durante o mandato de Bolsonaro, o que pode enfraquecer a pressão legislativa. “A gente vê um declínio desse apoio dentro da própria base bolsonarista”, comentou a jornalista Natuza Nery em análise televisiva.
Do lado governista, os atos menores da esquerda enfatizaram a defesa da democracia e a rejeição a qualquer retrocesso. “O Brasil não aceita retrocessos! Brasil contra anistia”, proclamavam cartazes em diversas cidades. Em um post nas redes, um usuário resumiu: “As manifestações de esquerda e de direita provam apenas uma coisa: Lula não foi eleito em 2022” – uma alegação contestada por instituições eleitorais, mas que reflete o ceticismo persistente em parte da população.
Os desdobramentos desses atos podem influenciar o debate no Congresso sobre a proposta de anistia, apresentada pelo PL, e o julgamento de Bolsonaro, previsto para os próximos dias. Autoridades monitoram possíveis escaladas, mas os eventos transcorreram de forma pacífica, sem registros significativos de violência. O 7 de setembro de 2025 entra para a história como um dia em que o patriotismo se entrelaçou com a polarização, revelando um país em busca de unidade em meio a divisões profundas.
Por Redação do GazetaMetropolitana.com
