Reportagem do New York Times aponta que apoiadores de Bolsonaro dominaram manifestações no Dia da Independência, reacendendo debate sobre polarização e anistia
Brasília, 8 de setembro de 2025 – As manifestações do 7 de setembro, que marcaram os 203 anos da Independência do Brasil, ganharam destaque internacional com uma matéria do New York Times intitulada “Bolsonaro’s Supporters Far Outnumber Leftist Protesters in Brazil’s Independence Day”. O jornal americano destacou que os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro superaram significativamente os manifestantes de esquerda em atos realizados em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, com demandas por anistia aos envolvidos no 8 de janeiro e críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em um Brasil profundamente dividido, os protestos revelaram a força persistente do bolsonarismo e reacenderam o debate global sobre a estabilidade democrática do país.

Segundo o New York Times, os atos bolsonaristas reuniram dezenas de milhares de pessoas, com estimativas da Universidade de São Paulo (USP) apontando cerca de 42,2 mil manifestantes na Avenida Paulista, em São Paulo, onde o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “tirano”. Em contrapartida, os protestos de esquerda, que defendiam a democracia e a rejeição à anistia, atraíram números bem menores, com cerca de 5 mil pessoas em São Paulo e 3 mil em Belo Horizonte, segundo organizadores. A disparidade foi notada até no exterior, com atos da diáspora bolsonarista em cidades como Londres e Miami, enquanto manifestações pró-governo foram praticamente inexistentes fora do Brasil.
O jornal americano contextualizou os protestos como um reflexo da polarização política que persiste desde as eleições de 2022. “Os apoiadores de Bolsonaro, vestindo verde e amarelo, transformaram o feriado cívico em um grito por anistia e contra o STF, enquanto o governo Lula lutou para manter a narrativa de unidade nacional”, escreveu o New York Times. A matéria também destacou o julgamento iminente de Bolsonaro no STF, acusado de envolvimento em uma suposta trama golpista, como pano de fundo para as manifestações. “O Brasil está em um momento crítico, com sua democracia testada por narrativas conflitantes sobre justiça e liberdade”, observou o jornal.

Depoimentos coletados em São Paulo reforçam a intensidade do sentimento bolsonarista. “Bolsonaro é nossa voz. Queremos anistia para os patriotas presos e o fim da censura”, disse Maria Oliveira, 34 anos, em entrevista à GazetaMetropolitana.com na Avenida Paulista. Já em Brasília, onde o desfile oficial atraiu 45 mil pessoas, segundo o governo, a ausência de público massivo no evento cívico foi interpretada como um sinal de descontentamento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O povo está nas ruas, não na Esplanada com Lula”, postou um usuário no X, em comentário que viralizou com mais de 15 mil curtidas.
A cobertura do New York Times também mencionou a reação de figuras institucionais. O decano do STF, Gilmar Mendes, classificou como “lamentável” o discurso de Tarcísio e negou a existência de uma “ditadura da toga”. “O STF tem sido um baluarte contra retrocessos democráticos”, afirmou Mendes, citado na matéria. Por outro lado, líderes da oposição, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), reforçaram a pressão por anistia, com discursos que ecoaram nas redes sociais, onde hashtags como #AnistiaJá e #ForaMoraes dominaram as discussões.
O impacto global da cobertura reflete a relevância do Brasil no cenário internacional. Especialistas entrevistados pelo jornal americano, como a cientista política Laura Carvalho, da USP, apontam que a força dos atos bolsonaristas indica um desafio para a governabilidade de Lula. “A polarização não apenas persiste, mas está sendo exportada como uma narrativa de resistência”, afirmou Carvalho. A matéria também destacou o papel das redes sociais, especialmente o X, na amplificação das mensagens dos manifestantes, com vídeos dos atos alcançando milhões de visualizações.

Os desdobramentos dos protestos podem influenciar o Congresso, onde a proposta de anistia, liderada pelo PL, enfrenta resistência do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que defende equilíbrio e diálogo. “A cobertura internacional, como a do New York Times, aumenta a pressão sobre as instituições brasileiras para lidar com a polarização de forma transparente”, avalia o analista político João Mendes, da Universidade de Brasília (UnB). Enquanto o STF se prepara para concluir o julgamento de Bolsonaro, o 7 de setembro de 2025 entra para a história como um momento em que o Brasil exibiu ao mundo suas divisões e sua luta por definir o futuro da democracia.
Por Redação do GazetaMetropolitana.com
