Por Equipe Gazeta Metropolitana São Paulo, 28 de agosto de 2025

Em um cenário que mais parece saído de um thriller político latino-americano, o presidente argentino Javier Milei foi alvo de um ataque violento durante uma carreata em Lomas de Zamora, na província de Buenos Aires. Pedras, garrafas e insultos choveram sobre a caravana presidencial, deixando o país vizinho em ebulição e levantando questionamentos profundos: seria isso um ato organizado de terrorismo político pelos remanescentes do kirchnerismo, ou apenas o reflexo explosivo de uma nação farta de políticas radicais que cortam direitos sociais em nome da “liberdade”? A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, não hesitou em apontar o dedo para apoiadores da ex-presidente Cristina Kirchner, autoridades locais e até barra bravas de times de futebol, classificando o episódio como um “ataque organizado”. Mas, em meio a denúncias de corrupção envolvendo a própria irmã de Milei, Karina, surge a dúvida: quem é o verdadeiro vilão nessa história?

O incidente ocorreu na quarta-feira (28/8), quando Milei, o autoproclamado “anarcocapitalista” que prometeu derrubar o “sistema corrupto” com uma motosserra simbólica, participava de uma carreata pela campanha de sua legenda, La Libertad Avanza, rumo às eleições provinciais de 7 de setembro. De acordo com relatos, um grupo de manifestantes irrompeu com violência, arremessando pedras e garrafas contra o veículo presidencial. “Não vêm por Javier Milei, vêm pela liberdade”, declarou o presidente em resposta, em um tom que mistura vitimização com bravata, sugerindo que o ataque visa sabotar suas reformas econômicas draconianas. Dois indivíduos foram detidos imediatamente: um deles, um barra brava do Temperley com histórico de violência e proibição de entrada em estádios, o que reforça a narrativa governamental de uma conspiração orquestrada.

Bullrich, conhecida por sua linha dura e polêmica gestão, foi rápida em usar as redes sociais para acusar o kirchnerismo de orquestrar o caos. Em entrevista ao jornal La Nación, ela foi ainda mais específica: apontou autoridades do governo local de Lomas de Zamora, como o secretário de Segurança Jorge Bonino (apelidado por ela de “secretário de insegurança”), o vereador Claudio Morell e o secretário de Governo Matías Gasparrini. Além disso, mencionou a presença de membros do grupo H.I.J.O.S. (uma organização de direitos humanos ligada a vítimas da ditadura) e barra bravas dos times Temperley e Arsenal. O Ministério da Segurança divulgou identikits de três suspeitos – Diego Martín Paz, Thiago Florentín e José Marcelino Dabrowsky –, com um deles, Paz, saindo publicamente para negar qualquer envolvimento e alegar que foi uma “confusão”. O governo não parou por aí: apresentou uma denúncia penal por “intimidação pública” e “atentado à autoridade”, visando investigar se houve uma “planificação coordenada” para desestabilizar o regime.

Mas aqui entra o lado polêmico: seria esse ataque uma reação genuína à corrupção que assola o governo Milei? Justo no momento em que áudios vazados implicam Karina Milei, secretária-geral da Presidência e irmã do presidente, em um esquema de propinas com farmácias via a Agência Nacional de Deficiência (ANDIS), o povo explode em fúria. O governador de Buenos Aires, Axel Kicillof, um kirchnerista declarado, não poupou palavras: “É lógico que haja enojo”, disse, ligando o incidente às “denúncias de corrupção grave” que o governo ignora. O intendente de Lomas de Zamora, Federico Otermín, foi ainda mais direto: “Esperavam que a gente os saudasse?”, justificando implicitamente a violência como resposta às políticas de Milei que, segundo críticos, estão destruindo a economia argentina com cortes sociais brutais. Até o ator Pablo Echarri, em entrevista, chamou o ataque de “consequência lógica” da corrupção exposta, ligando-o à crise no Hospital Garrahan e ao escândalo das coimas.

Nas redes sociais, o debate ferve. Usuários pró-Milei, como o perfil La Derecha Diario, rotulam os agressores de “terroristas kirchneristas” e exigem punição severa, enquanto opositores, como o governador Kicillof, veem nisso o colapso da popularidade do presidente. Um deputado bullrichista, Damián Arabia, apresentou um projeto para que o Congresso repudie o ataque, chamando-o de ameaça à democracia. Mas e se isso for uma armadilha? Críticos sugerem que o governo escolheu Lomas de Zamora, um reduto peronista, justamente para provocar tensão e usá-la como munição eleitoral, desviando o foco do “Karinagate”. O ministro do Interior, Guillermo Francos, lamentou a “confrontação argentina”, mas ignora que as reformas de Milei – como a desregulamentação selvagem e cortes em aposentadorias – estão alimentando a raiva popular.

Para o Brasil, vizinho e parceiro no Mercosul, esse caos argentino é um alerta vermelho. Com Lula e Milei em polos opostos ideológicos, instabilidades como essa podem afetar o comércio bilateral e a estabilidade regional. Será que Milei, com sua retórica extremista, está semeando o vento para colher a tempestade? Ou os kirchneristas, acusados de corrupção crônica, são os verdadeiros culpados por perpetuar a violência política? Uma coisa é certa: na Argentina de hoje, a democracia parece mais frágil que nunca, e as pedras de Lomas de Zamora são apenas o começo de uma guerra que pode engolir o continente. Fique atento, leitor: a pólvora está acesa, e ninguém sabe quem vai explodir primeiro.

By contato@gazetametropolitano.com

Nascido em 1977, em Jundiaí, e cresceu em Cajamar, Alexsandro Assis é capelão, mentor e marceneiro com alma artesã. Formado em marcenaria, lecionou o oficio em Cajamar e, movido pela paixão por história e fé cristã, estuda arqueologia bíblica e teologia. Professor de computação e estudante de Tecnologia da Informação, também é jornalista, fundador do grupo Cajamar Quociente e do portal Gazeta Metropolitana, onde aborda notícias regionais e globais com perspectiva conservadora. Guiado por fé, estoicismo e amor transformador, Alexsandro inspira vidas com seu lema "Viva com propósito". Acompanhe-o no Instagram (@assis_alexsandro) ou em gazetametropolitana.com.

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