Marco Rubio Intensifica Retórica Contra Líder Venezuelano, Enquanto Navios de Guerra Americanos Reforçam Operações no Caribe
Caracas, 04 de setembro de 2025 – Maduro é um terrorista foragido. Com essas palavras, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, elevou o tom contra o presidente venezuelano Nicolás Maduro, classificando-o como um criminoso indiciado pela justiça americana. Em meio a uma crescente presença naval dos EUA na costa da América do Sul, Rubio anunciou a continuidade de ataques contra cartéis de drogas, após a destruição de uma embarcação supostamente ligada ao grupo venezuelano Tren de Aragua. A retórica beligerante e a mobilização militar intensificam as tensões na região, levantando temores de um conflito iminente.
Durante uma visita ao Equador, Rubio afirmou: “Não vamos apenas caçar traficantes com pequenos barcos rápidos. O presidente [Donald Trump] disse que quer travar uma guerra contra esses grupos.” A declaração veio após um ataque no sul do Caribe, onde uma embarcação, que os EUA alegam pertencer ao Tren de Aragua, foi destruída, resultando na morte de 11 pessoas. Segundo Rubio, em coletiva na Cidade do México após reunião com a presidente mexicana Claudia Sheinbaum, “o presidente Trump a fez explodir, e isso acontecerá novamente. Talvez esteja acontecendo neste exato momento.”
A ofensiva americana é parte de uma estratégia mais ampla, iniciada com a designação do Tren de Aragua como organização terrorista pelo Departamento de Estado em fevereiro de 2025. Desde então, os EUA intensificaram sua presença no Caribe, com o envio de sete navios de guerra, incluindo três destróieres de mísseis guiados, um submarino nuclear de ataque rápido e cerca de 4.500 militares. A operação, segundo Washington, visa combater o narcotráfico, mas levanta suspeitas sobre intenções de pressionar o regime de Maduro. Em agosto, a recompensa pela captura do líder venezuelano foi elevada para US$ 50 milhões, sob acusações de liderar o Cartel de los Soles, um suposto grupo de narcotráfico ligado ao governo venezuelano.

Maduro reagiu com veemência, classificando a mobilização americana como uma “ameaça extravagante, injustificável, imoral e criminosa”. Em pronunciamento em Caracas, ele anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos e prometeu “máxima prontidão” para defender a Venezuela. “Os EUA estão atrás das nossas riquezas, do nosso petróleo. Não vamos nos curvar”, declarou, acusando Washington de usar o narcotráfico como pretexto para uma tentativa de mudança de regime. O governo venezuelano nega qualquer ligação com o Tren de Aragua, afirmando que o grupo foi desmantelado em 2023, e questionou a autenticidade de um vídeo divulgado por Trump, sugerindo manipulação por inteligência artificial.
O contexto é agravado por divergências sobre a narrativa americana. Um relatório de inteligência desclassificado em abril de 2025 indicou que não há evidências de que o governo venezuelano controle diretamente o Tren de Aragua, contradizendo as acusações de Trump e Rubio. Especialistas, como a jornalista venezuelana Ronna Rísquez, apontam que, embora o grupo lide com cocaína na costa norte da Venezuela, não há clareza sobre sua operação em rotas marítimas no Caribe. A ONU, em seu Relatório Mundial sobre Drogas de 2025, destaca que a maior parte da cocaína destinada aos EUA sai de Colômbia, Equador e Peru, não da Venezuela.
A mobilização naval americana também preocupa países vizinhos. O presidente colombiano Gustavo Petro alertou para o risco de a América do Sul se tornar “uma nova Síria” em caso de escalada militar. No Brasil, o governo Lula expressou cautela, evitando confrontos diretos com os EUA, mas reiterando a importância da soberania venezuelana. Enquanto isso, a oposição venezuelana, liderada por María Corina Machado, vê na pressão americana uma oportunidade para enfraquecer Maduro, embora sem consenso sobre os impactos de uma intervenção.
A legalidade das ações americanas é outro ponto de controvérsia. Especialistas em direito internacional, como Brian Finucane, ex-advogado do Departamento de Estado, afirmam que a designação de grupos como Tren de Aragua como organizações terroristas não autoriza legalmente o uso de força militar. “Não há precedente para invocar autodefesa contra suspeitos de narcotráfico”, disse Finucane, apontando que a falta de autorização do Congresso americano torna o ataque no Caribe juridicamente questionável.
Enquanto as tensões crescem, a Venezuela enviou uma queixa formal à ONU, pedindo intervenção contra a “agressão imperialista” dos EUA. A China, aliada de Caracas, condenou a presença naval americana, enquanto a Rússia prometeu apoio diplomático a Maduro. O cenário sugere um delicado equilíbrio entre demonstrações de força e o risco de um conflito aberto, com implicações que podem redefinir a geopolítica da América Latina.
Por Redação do GazetaMetropolitana.com
