Primeira Turma Retoma Discussão na Próxima Terça (9) com Voto de Alexandre de Moraes
Por Redação gazetametropolitana.com, 03 de setembro de 2025
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, na tarde desta quarta-feira (3), o julgamento do núcleo 1, conhecido como “núcleo crucial” da trama golpista, após a conclusão das sustentações orais das defesas dos réus, incluindo a do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa. A sessão, marcada por intensos debates sobre a tentativa de golpe de Estado em 2022, foi pausada e será retomada na próxima terça-feira (9), quando os ministros iniciarão a apresentação de seus votos, começando pelo relator, ministro Alexandre de Moraes. Foto: Gustavo Moreno/STF
O julgamento, que avalia a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados acusados de articular uma ruptura democrática para reverter o resultado das eleições de 2022, é um marco na história política brasileira. A Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta Bolsonaro como o líder de uma organização criminosa que planejou ações como o sequestro ou assassinato de autoridades, incluindo Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin, além da elaboração da chamada “minuta do golpe”.

O Andamento do Julgamento
A sessão desta quarta-feira foi dedicada às sustentações orais das defesas de quatro réus, todos militares: o general Braga Netto, atualmente preso, Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno (ex-ministro do GSI) e o general Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa). Cada defesa teve até uma hora para apresentar seus argumentos, com foco em contestar as acusações de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Na terça-feira (2), primeiro dia do julgamento, o ministro Alexandre de Moraes leu o relatório da ação penal, detalhando as investigações e as alegações finais. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, reforçou a denúncia, afirmando que Bolsonaro liderou a trama, utilizando símbolos e estruturas estatais para legitimar o plano golpista, como discursos em 7 de setembro de 2021 que atacaram as urnas eletrônicas e o STF. As defesas de Mauro Cid, Alexandre Ramagem, Almir Garnier e Anderson Torres também se manifestaram, negando envolvimento em qualquer articulação golpista.
Próximos Passos e Expectativas
A retomada do julgamento na próxima semana promete ser decisiva. A partir do dia 9, os cinco ministros da Primeira Turma – Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin (presidente do colegiado) – apresentarão seus votos. Moraes, como relator, será o primeiro, podendo abordar questões preliminares, como pedidos de nulidade da delação de Mauro Cid ou transferência do caso para outra instância, antes de decidir sobre a condenação ou absolvição dos réus. A decisão final será tomada por maioria simples, exigindo pelo menos três votos para determinar o destino dos acusados.
As penas, caso haja condenação, podem ultrapassar 30 anos de prisão, dependendo do grau de participação de cada réu. Bolsonaro, apontado como líder, enfrenta a possibilidade de até 43 anos, enquanto Alexandre Ramagem responde por três crimes, após a Câmara dos Deputados suspender parcialmente a ação contra ele.
Cronograma do Julgamento
O STF reservou cinco dias para o julgamento, com sessões marcadas para:
- 9 de setembro (terça-feira): 9h às 12h e 14h às 19h – Transmissão ao vivo
- 10 de setembro (quarta-feira): 9h às 12h – Transmissão ao vivo
- 12 de setembro (sexta-feira): 9h às 12h e 14h às 19h – Transmissão ao vivo
As sessões serão transmitidas ao vivo pela TV Justiça e pelo canal do STF no YouTube, permitindo ampla cobertura jornalística e acesso público. A expectativa é que o julgamento se encerre no dia 12, com a proclamação do resultado.
Impacto Político e Social
O julgamento ocorre em um momento de tensão política, às vésperas do feriado de 7 de setembro, que historicamente tem sido palco de manifestações. O STF reforçou a segurança, com a Polícia Militar do Distrito Federal fechando a Praça dos Três Poderes a partir de 1º de setembro. A presença de 501 jornalistas credenciados e 3.357 pedidos de público para acompanhar as sessões evidencia o interesse nacional e internacional no caso.
Enquanto as defesas alegam falta de provas concretas e negam qualquer movimentação golpista, a PGR sustenta que o plano, incluindo o “Punhal Verde e Amarelo” e a minuta do golpe, representava uma ameaça real à democracia. A decisão da Primeira Turma não apenas definirá o futuro de Bolsonaro e seus aliados, mas também reforçará o papel do STF como guardião do Estado Democrático de Direito.
